sexta-feira, 10 de julho de 2015

A arte de deduzir coisas erradas

    Da série micos na Alemanha... Este aconteceu em um mercado de Colônia, eu já morava aqui há uns seis meses. Entendia apenas palavras soltas quando alguém falava comigo e deduzia todo o resto, o que aumentava as minhas chances de passar por situações embaraçosas.
    Fiz minhas compras como de costume, e chegando no caixa a minha única preocupação era em colocar todos os produtos rápido na sacola, porque aqui ao contrário do Brasil, você mesmo guarda as suas compras e isso precisa ser feito de forma bem ágil. Os caixas passam os produtos muito rápido (menos de um segundo por produto) dá medo!  Se você não guardar tudo rapidinho na sua sacola ou no carrinho, as pessoas ficam te olhando torto e bufando.
    Depois de tudo guardado eu já estava com a carteira preparada e entreguei o cartão para pagar. A mulher do caixa olhou pra mim e falou: “blá blá blá blá baguete” assim como eu escrevi, não entendi nada, tão pouco a frase fazia sentindo, com muita educação pedi para ela repetir. Novamente escutei “blá blá blá blá baguete” já tinha experiência suficiente para saber que pedir para um alemão repetir pela terceira vez é uma sentença de morte, eles odeiam. Como eu estava em um mercado deduzi que a última palavra era baguete, era bem parecido quando ela falava. Consequentemente, pensei que ela estava oferendo baguetes que provavelmente estavam na promoção. Tipo aqueles atendentes do Mc Donalds que falam “Com mais 1 real a senhora gostaria de adicionar mais uma fatia de queijo?” Foi exatamente isso que pensei deduzi.
    Eu sou do tipo de pessoa que geralmente quando não entende nada fala “SIM!” Conforme a situação vai prosseguindo eu descubro do que se trata. Mas nesse caso em especial, eu disse não, que não queria. Foi a minha sorte do dia. Ok, ela cobrou a conta e passou o cartão, eu coloquei a senha, guardei tudo e fui pra casa.
    Chegando em casa, perguntei para o meu marido: “Amor, quando você está no caixa do mercado pagando a compra e a mulher fala alguma coisa do tipo – blá blá blá blá baguete – o que pode ser isso?"
    Ele pensou, pensou.... Já estava fera em descobrir os meus enigmas alemães! Depois de alguns minutos e uns neurônios queimados, ele começou a rir e esclareceu do que se tratava...
    A mulher do caixa estava perguntando se eu queria Bargeld que significa dinheiro em espécie. Aqui na Alemanha é comum em alguns mercados “sacar” dinheiro. Se a compra custou por exemplo 50,00 euros, você pode passar no cartão 70,00 euros e fica com os 20,00 euros em espécie. Gente, como eu novata no exterior iria descobrir um troço desses? Eu ainda pensava como brasileira. E convenhamos que baguete e Bargeld é bem parecido vai! Na minha cabeça em um mercado seria mais óbvio me oferecerem uma baguete do que sacar dinheiro.
    Agora imaginem se eu digo SIM e a mulher pergunta: "Quanto?" O Máximo que eu iria responder seria 2, (2 baguetes!). Certamente ela iria falar que 2 euros era um valor muito baixo, ou iria me mandar para aquele lugar. Hahaha
    Eu choro de tanto rir até hoje dessa situação. Toda vez que conto para alguém tenho aquelas crises de risadas. Haja imaginação!


Baguete

Bargeld (dinheiro em espécie)

- Quando nada faz sentido não pense como brasileiro, pense como alemão -


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